Naquele tempo ... os domingos eram sempre dias de festa !
Almoço cedinho e toda a família p’ró carro, que era dia de Porto / Benfica !
Naquele tempo não havia futebol em directo na TV, não havia jogos aos sábados, nem à noite! Toda a gente ia ao futebol ! Por isso os estádios se enchiam de gente e não raramente, os jogos eram vistos de pé. Era uma festa do futebol no interior e no exterior dos estádios !
….. Vamos lá, mexam-se todos, que já é tarde. O triciclo, a bicicleta e um lanchinho na mala do carro e lá íamos nós : eu, a mulher e os 3 filhos.
O movimento, junto ao estádio, já era louco uma hora antes do jogo.
Eh! pá, isto não avança mesmo….
Ó sr guarda deixe lá estacionar aqui bem encostadinho que não atrapalha. Não senhor ! … avance, avance ! Oh!... deixe lá, é por causa dos miúdos. Já lhe disse que não e não quero ninguém aqui a “andar parado”. Avance !
Depois de muito tempo a arranjar lugar p´ro carro, os mais pequenos lá ficavam no jardim da Praça de Velasques com a bicicleta, o triciclo e a mãe.
O mais velhito queria ver o Eusébio e eu até gostava de o levar comigo. Era um miúdo porreiro e boa companhia.
Uma bandeirinha, freguês? Ó pai compre! Quer azul e branca ou encarnada ? Olhe, meta as encarnadas ... ali no cantinho. Pega, filho e pôe-na sempre no ar e aberta !
Trânsito complicado, polícia chato, levar a mulher e os miúdos para o jardim, ir a pé para o estádio com o piqueno, o tempo a ameaçar chuva...
Com licença, com licença (3 minutos p’ra começar o jogo). Desculpem o miúdo quer ver o jogo. Porra, o estádio está cheio e só arranjo lugar nas escadas e logo com o puto !
Eih!.. minha senhora, veja lá onde pôe os pés! Calcou-me e magoou-me. Olha para este espertinho!... Ó Manel este gajo está a armar-se em parvo. (O Manel sobe vários degraus com fúria.) O que foi Maria? Quem é o sacana ? Houve lá! O que é que disseste à minha mulher ? Olha que eu ponho-te o focinho num bolo!... (e o miúdo a ver...).
Ó pai, quero fazer chi-chi. Ó filho não vês que agora é impossível ? ... Diz à pilinha que espere !
Olha, temos que nos levantar, que está toda a gente em pé. Assim não vemos o jogo. Ó pai, mas em pé também não vejo ! Tem que me pegar ao colo!
Huuuuu ! Huuuuu !Huuuuu! Gatuuuuno! Gatuuuno ! … Os árbitros entram em campo. Consegues ver alguma coisa? Ó pai, vejo bem a parte de cima das bancadas, do campo, só um bocadinho…
(continua)
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Gostei muito de ler. Até parece que estou a ver a "fita". O começo está ótimo. Venha a segunda parte.
ResponderEliminarSonhadora
Por causa dessas vontades imperiosas de ir ao wc, o meu pai e o meu irmão não me levavam :)))
ResponderEliminarxx
:)))
ResponderEliminarExtraordinário relato.
Venha a continuação que isto de meter o meu glorioso merece ser lido (já mereceria de qualquer maneira:))
Fiquei um pouco invejosa, sabes? Não é normal em mim, mas tenho que reconhecer que gostaria de uma vida assim...normal.:)
beijinhos
Estou gostando!
ResponderEliminarBjs.
Isto promete...
ResponderEliminarNão me lembro qual o jogo mas que foi uma grande partida, que o meu filho com 4/5 anitos me pregou, lá isso foi. Necessidades fisiológicas sólidas inadiáveis, ali à vista de todos, e sem direito a recurso.
:)
"Diz à pilinha que espere ", ahahahaha!
ResponderEliminarRui, este texto´é a mais pura realidade das idas ao futebol de há cerca de 40 anos.
Embora eu fosse muito mais tarde, tudo o que aqui descreves, fez-me voltar atrás nos tempo.
Tudo é o retrato fiel do que eu via/ouvia/não via, porque quem estava à frente, levantava-se e...
Uma coisa é certa. Nesse tempo, os insultos existiam, algumas brigas também, mas era um prazer ver futebol, apoiar as duas equipas, independetemente de serem "rivais" ou não.
Acabava o jogo, todos regressavam a casa, felizes ou chateados, mas num ambiente de cordialidade e respeito pelas equipas, o que não se vê hoje.
Bonito retrato o teu.
Presumo que o menino da pilinha era o Paulo.
Beijo
É, lembro-me dessas tardes de bola, mas aqui em Benfica, com o trânsito e o autocarros a abarrotar de gente (o metro só chegaria lá uns anos depois). E dentro dos carros estacionados à balda junto à 2ª circular, lá estavam elas a fazer crochet ou renda, tal e qual Penélopes esperando o seu Ulisses... :)))
ResponderEliminarPessoalmente, nunca fui ver um jogo de futebol! Mas sei que a linguagem não muda muito, no que diz respeito aos assistentes e às suas quezílias sobre o que se passa em campo ou fora dele... :P
Sonhadora
ResponderEliminarÓtimo, querida amiga ! Obrigado ! :)
A 2ª parte é o jogo e sai amanhã ao fim da manhã. :)
Bj
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Papoila
ResponderEliminarOlha que naquele tempo não era nada fácil ir aos wc. Os jogos entre os grandes eram vistos a pé e as próprias escadas estavam cheias de gente ! :))
Bj
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Nina
ResponderEliminarAinda bem que estás a gostar. Não repares na sintaxe (?). É intencional, para dar mais “ritmo” ao relato (se fosse matemática explicava-te melhor).
Vais gostar do “jogo” ! :)))
Beijo
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Fatima
ResponderEliminarAmanhã sai o resto. Sabes ? … Isto era o que se passava há 30 a 40 anos ! Creio que com bastante realismo. :))
Bjs
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Rui Pascoal
ResponderEliminarAmanhã acaba o jogo ! :))
Situações dessas não me chegaram a acontecer, … mas acredito que se a vontade fosse muita, num jogo destes, seria impossível chegar a tempo ao wc ! :))
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Cantinhodacasa
ResponderEliminarÉ verdade, cantinho ! Estou a procurar dar uma ideia tão real quanto possível e amanhã é o jogo, com os “miminhos” da época e tudo o mais ! :)) Vais gostar !
Claro que era ele. Sempre me acompanhou ! … mesmo hoje e o meu neto já é cliente ! :))
Beijo
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Teté
ResponderEliminarCreio que em Benfica, em Alvalade, como nas Antas o ambiente seria muito parecido ! Esta Praça ficava a 200 m do Estádio e lá ficavam muitos dos familiares com os filhos mais pequenos.
Na 2ª parte verás o ambiente dentro do estádio, durante o jogo ! :)
Está escrito de uma maneira “estranha”, corrida, mas a ideia é dar “ritmo” ao relato. :))
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...e se eu disser que nunca fui ver um jogo de futebol a um estádio... poucos se podem gabar disso ;)mas já fui aos Estádios ver concertos, porque para ir ver tantos homens andarem a correr atrás de uma pobre bolinha a levar tantos pontapés, não me diz absolutamente nada... mas se calhar, fazia bem aos nervos... ir gritar um bocadinho, dizer umas asneiras em voz alta, e num bom dia praticar box ;)))
ResponderEliminarBjos
Continua Rui que eu estou aqui de ouvido colado ao aparelho estereofónico!
ResponderEliminar(Sim, sou da província...)
;)
Ora, amigão, até me envergonhas!
ResponderEliminarEu lá seria capaz de atentar na sintaxe perante um relato perfeito destes?
Tu não estragues a minha reputação. Olha que eu pertenço ao núcleo de professores muito doces.:)
(Ah...preciso por lá do link da "acreditação" do teu menino. Falei nele e agora tenho-o que o deixar lá:))
ResponderEliminarQuando a família ia ao futebol, não era Rui?
ResponderEliminarEu ia com o meu pai, o meu padrinho, o irmão dele (o tio Fernando).
Desde pequenino.
E, depois do jogo, íamos lanchar, conversar.
Não era só o jogo.
Era o convívio.
Já lá vai....
Um abraço
Isa GT
ResponderEliminarOra aí está, Isa ! … Vi em tempos um filme em que um psiquiatra receitava ao seu paciente ir para debaixo duma ponte ferroviária, esperar a passagem do comboio e quando ele estivesse a passar que gritasse o mais alto que pudesse o maior chorrilho de asneirolas que lhe viesse à cabeça ! … Esse psiquiatra nunca deve ter ido ao futebol ! Não há melhor lugar para isso ! :)))
(No post de hoje dê atenção ao padre e à srª Miquelina ! :) )
Saía-se do estádio preparadíssimo para enfrentar uma semana inteira pela frente ! eheheheh
Beijinho
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Oops!!!
ResponderEliminarBem lembrado ! … Os rádios ! Sabes que passei por um tempo em que ainda não havia rádios portáteis ?! … e sabes que tinha vizinhos que iam a minha casa ouvir as notícias da Guerra da Koreia ? :))) (por acaso um móvel/rádio que nos “saiu” num concurso de quadras de S. João do Porto, do JN ? ) eheheh
Logo, escuta o jogo, com atenção ! :))
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Nina
ResponderEliminarTu já reparaste que a maior parte dos meus visitantes são ou foram professores e uma boa parte, de português ?! … estou tramado ! No vosso tempo não se estudava “ciências” ? :)))
… o que me vale é que todos fazem “vista grossa” à minha escrita ! rsrsrs … são “doces” ! :))
Quanto à “Força da Acreditação” do meu neto, é uma verdade que todos precisamos dela !
Aqui está o link :
http://coisas-da-fonte.blogspot.com/2011/05/forca-da-acreditacao.html
Bj
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Pedro Coimbra
ResponderEliminarEra fantástico ! …Um autêntico dia de festa e de convívio familiar … e os mais pequenos podiam apreciar um jogo na companhia dos pais e outros familiares ou amigos e de borla!
… e é verdade a “festa” do lanche no fim do jogo, que eles esperavam ansiosamente, enquanto que os mais velhos discutiam os pormenores do jogo ! :)
Hoje, com jogos a acabar tão tarde e bem pagos, isso é impossível ! Os miúdos têm aulas no dia seguinte e tem que se ir a correr para casa !
Abraço ! :)
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Recordar é reviver! :-))
ResponderEliminarCá em casa nós ficávamos na bancada enquanto os miúdos jogavam nos infantis do clube da terra e o mais velho ainda chegou aos júniores...
Eram esfoladelas nos joelhos e resfriados ...que logo passavam!
Abraço
rrrss rrsss rrss fico esperando
ResponderEliminarSão
Rosa dos Ventos
ResponderEliminarÉ verdade, Rosa ! Curioso como se escrevem estas coisas com tanto prazer, exactamente porque nos sentimos transportados aqueles tempos e estamos a vivê-los como se fossem neste momento, a recordar cada pequeno pormenor ! Isso é reviver ! :))
Será um "lugar comum" dizer-se que naquele tempo !... é que era bom ! Na realidade não quer dizer o tivesse sido, mas recordado hoje, é uma sensação extraordinária ! :))
É a maior das verdades: "recordar é reviver" !
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São
ResponderEliminarrsrsrs
Já não tem que esperar ! Já lá está ! :)))
Bj
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