ISTO É MUITO RELATIVO !

(Para tentar compreender a "economia dum país" e meditar)

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50 cêntimos !!!

Isto era muito dinheiro !

Era + ou - quanto ganhava por semana um operário da construção civil !
... e uma operária têxtil ou de confecções ainda menos !

É curioso que quando falamos nos preços das coisas no "antigamente" tudo nos parece ridiculamente barato.

Não era bem assim ! Tudo isto é muito relativo.
O importante é a avaliação daquilo que se possa comprar com o que "sobra" após uma normal e razoável e contida utilização daquilo que se recebe e a realidade é que raramente sobrava !

Outra realidade, é que hoje, nos países da bacia do Pacífico, China e outros que tal, os salários, ao contrário da produtividade, não cresceram do mesmo modo e daí a nossa impossibilidade de competir com as suas exportações, dada a enorme subida salarial desacompanhada da subida da produtividade e da "Economia" do país. É por isso que naqueles países se registam crescimentos da economia de cerca de 10% ao ano!

Acontece simplesmente que estamos hoje entre os países de "mão de obra / produtividade", mais cara do mundo, o que dificulta a entrada de divisas proveniente das exportações e o consequente crescimento económico do país !

Não é o facto das pessoas ganharem bem que torna o país rico pelo aumento de consumo interno ! Isso é um grande erro. Só a entrada de dinheiro, fruto de (exportação, turismo, remessas de emigrantes, investimento estranjeiro em Portugal) tornam o país mais rico e com possibilidades de maior distribuição.

Também não é o investimento interno em grandes obras públicas, que enriquece um país, desde que não produza uma entrada de divisas estrangeiras maior que o custo desse investimento !


Na década de 50/60 (assim...de repente,...) :

1 café: 8 tostões ( 10 cêntimos são 200 tostões).

1 jornal diário 8 tostões .

1 semanário 15 tostões .

1 pão (bijou, molete, papo seco) 4 tostões (m/ mãe ainda dizia 1 cruzado) .

1 quarteirão (25) de ameixas : 5 tostões .

Bilhete 1 zona nos STCP (carris) : 6 tostões (muitos iam a pé) .

Cinema no Coliseu do Porto : 2$50 .

1 kg de bacalhau da Noruega 20$00.

Almoço na FNAT (sopa, prato, pão e vinho) 5$00 .

Almoço à Grande - 20 pratos = 20$00 no Vatel (dizia-se: vá té lá) .

Em minha casa, (dia de festa) uma feijoada de tripas, rica, com tudo, para 10 : (contabilizada) 200$00 (1 euro) ... uma loucura, caríssima !

Inflacção : quase nula .

Trabalhava-se ao Sábado (48 h/semana) .

Meu primeiro ordenado em 65 - 3000$ (15 €) bruto/mês, a 30 km de casa.

Férias do trabalho: 5 dias (excepcionalmente, mas normalmente não havia) .

Férias... ou idas turisticas ao estranjeiro : Ah!Ah!Ah!Ah!


Vivemos 40 anos à Grande e à Rica, sem que houvesse um correspondente crescimento económico no país e notórias melhorias da produtividade !

Reinvindicaram-se benesses de todo o tipo, que governos de políticos incompetentes e inexperientes, dominados pelo espírito revolucionário imposto e pela necessidade de manterem eleitores do seu lado, não tiveram capacidade para moderar, de acordo com a relatividade das necessidades dos grupos e justiça sociais.

Foi o período em que mais se acentuou essa diferença de vencimentos !

Essas benesses eram generalizadas e distribuídas em % o que fazia aumentar o fosso salarial, agravado pelo facto de se valorizar desmedidamente o trabalho das direcções e administrações públicas ou não publicas, mas "ligadas" aos partidos políticos, porque seria para aí que eles seriam reconduzidos em intervalos de missões partidadárias ou governamentais.
Foi ainda neste período que se foram introduzindo chorudíssimos "prémios" e todo o tipo de escandalosos extras e mordomias, catapultando os vencimentos para valores inacreditáveis !
Ser político passou a ser o lugar mais seguro e proveitoso do "mercado de trabalho", usado como trampolim para outros altos voos !
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