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22/07/2010

O INFERNO ... EXISTE, SIM !!!

Re-editado

Este post é também uma homenagem àqueles que trabalharam no "inferno" ! ...
... Os que trabalhavam “enterrados vivos” !

Sabem de que "inferno" se tratava ?
A Marota identificou.

O carvão de S. Pedro da Cova foi descoberto em 1795, mas só nas primeiras décadas de 1900 é que a exploração das minas atingiria o apogeu, com uma extracção de cerca de 330 mil toneladas por ano.



A Freguesia de Gondomar deu trabalho a milhares de pessoas de toda a zona Norte e até do Alentejo. Nas minas de S. Pedro da Cova trabalharam famílias inteiras. Para contar as memórias das minas já restam poucas vozes...
Os homens entravam para as minas por um elevador ("jaula") encastrado no que é hoje o Cavalete de S. Vicente e desciam quase 94 metros. O lugar mais fundo ficava a 450 metros de profundidade e só se atingia a pé.
Levavam o farnel ao ombro, o gasómetro numa mão e o machado na outra. Da "jaula" seguiam, descalços sobre as pedras afiadas, para as suas frentes de trabalho, onde picavam as camadas de carvão durante oito horas. O trabalho tinha de ser muito bem feito, senão ficavam soterrados.

Nos tempos áureos, as minas davam trabalho a gente do Douro Litoral, Minho e até do Alentejo. Chegaram a empregar mais de 1600 pessoas, entre homens, mulheres, rapazes e raparigas.
As mulheres trabalhavam a céu aberto, habitualmente desempenhando trabalho físico violento, enquanto, maridos e filhos faziam o seu trabalho no fundo da mina. Era normal trabalharem lá famílias inteiras.

O carvão era transportado para o Monte Aventino (zona das Antas), no Porto, nestas vagonetas , (as “cestinhas do carvão”) suspensas de um cabo aéreo, com nove quilómetros de extensão. Daí se fazia a distribuição para toda a cidade, que o utilizava nas cozinhas (fogões, lareiras e aquecimento). No regresso, as vagonetes paravam na estação de comboios de Rio Tinto, para carregar a madeira que servia para escorar as paredes subterrâneas. Na segunda metade do século XX, a chegada do petróleo põe fim à história do carvão.

Quase 40 anos depois, S. Pedro da Cova é hoje um dormitório da Área Metropolitana do Porto, freguesia praticamente estagnada, com poucas aspirações e muitos dependentes do Rendimento Social de Inserção.
Contam-se histórias de vidas tristes, de fome, de condições de trabalho miseráveis, de lutas sociais e da opressão daqueles tempos.
Muitos mineiros, não se sabe quantos, se não morreram soterrados, ficaram com sequelas irreversíveis nos pulmões.
Por trás da capela ergue-se o Cavalete do Poço de S. Vicente, quase em ruína, à espera que alguém o recupere e o transforme num museu vivo, com possibilidade de descer à mina e experimentar a sensação de "trabalhar enterrado", como os mineiros diziam.
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