14/05/2011

COMO PUDESTE SOBREVIVER ?...

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Se a tua infância foi nas décadas 50, 60 ou parte dos 70 ....

- Os carros não tinham cintos de segurança, apoios de cabeça, air bags;
- Ia-se solto nos bancos de trás aos saltos e na galhofa e isso não era perigoso;
- As camas tinham grades, os brinquedos multicolores com pecinhas que se soltavam facilmente e pintados com tintas “duvidosas” e se metiam na boca;
- Brincava-se com o mercúrio dos termómetros quando eles se partiam- Os medicamentos estavam ao alcance de qualquer um;
- Andava-se de bicicleta, sem capacete, sem joelheiras ou cotoveleiras;
- Bebia-se água das mangueiras, das fontes, ou até nos riachos;
- Construíam-se aqueles famosos carros de caixotes, com rolamentos e faziam-se corridas nas ruas com inclinação, usando as solas dos sapatos como travões. Acabava-se com os joelhos e não só, esmurrados e com sangue, ou enfiados num silvado e aprendia-se a suportar as dores;
- Brincava-se na rua com uma única condição: voltar pra casa quando anoitecesse. Os pais não faziam ideia de onde andavam os filhos;
- Tínha-se aulas só de manhã, ou só de tarde e fazíam-se caminhadas de kms para ir e vir sózinho, para e da escola, almoçando em casa;
- Braços engessados, dentes partidos, joelhos esfolados, cabeça rachada e alguém se queixava disso ?
- Brincava-se sempre na rua, às escondidas, aos cow-boys, ao eixo, ao bate-fica, ao pião, à sameira, ao carolo, ao arco e gancheta, ao tesouro escondido, às corridas por entre as filas do milho, aos saltos, ao futebol com bola de pano e 2 pedras a fazer de baliza. Era-se superactivo e fisicamente saudável;
- Ia-se roubar fruta às escondidas e muitas vezes se tinha que fugir do dono, que tinha avistado a situação;
- A pé ou de bicicleta ía-se a casa dos amigos a kms de distância, entrava-se nas portas abertas, sem bater à porta e ía-se brincar com os da casa;
- Quando a mãe pedia, ia-se à mercearia, às compras, ou ao leite, ao lavrador;
- Ia-se à pesca com cana, nas margens dos rios, tomava-se banho, nus e ninguém caía ao rio ou morria afogado. Aprendia-se a nadar aí, sem qualquer vigilância;
- Na escola, havia bons e maus alunos. Uns passavam e outros eram reprovados por darem 4 erros num longo ditado. Ninguém ia ao psicólogo ou psicoterapeuta;
- Não havia a moda dos superdotados nem se falava de dislexia, problemas de concentração, ou hiperactividade;
- Havia liberdade, deveres, fracassos e sucessos,... e aprendia-se a lidar com cada um deles, sem traumas ou excessos;
- Era-se autónomo, em muitíssimos sentidos;
- Nada de computadores, playstation, dvd’s, internet, jogos de computador, telemóveis,...

- ... Só Amigos, exercício físico e ar puro! ... e a questão que se coloca é :


COMO ERA POSSÍVEL SOBREVIVER A TUDO ISSO ?

- Os tempos eram outros, mas como viviamos felizes e saudáveis em plena liberdade !
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21 comentários :

  1. Verdade, verdadinha, como alguém que eu conheci costumava dizer! : )

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  2. - "Construíam-se aqueles famosos carros de caixotes, com rolamentos e faziam-se corridas nas ruas com inclinação, usando as solas dos sapatos como travões".
    Obrigado Rui por me fazer recuar no tempo, e reviver esses belos momentos de infância, onde relembrei esse dito carro de rolamentos. Ainda hoje passei muito perto de uma mina em Aldeia Ana de Avis, onde ainda deve existir restos de um desses carros que lá guardei quando fui para Lisboa.
    Aproveitava a descida do Alto da Ribeira de Alge em direcção ao S. Simão, ou em sentido contrário em direcção a Adeia A. de Avis. Nesse tempo havia a P. V. T. que fazia vigilância no Pontão naquela posto redondo situado no largo dessa povoação. Usavam motas Norton com as quais faziam perseguição aos automobilistas infractores. Eu próprio tinha de parar à pressa quando avistava as motos e fugir pelos pinhais com o carro de rolamentos às costas.
    Nunca me conseguiram caçar, nem com as Norton...
    Foi bom relembrar tudo isto e sentir saudades desses Bons Velhos Tempos.
    Um bom fim de semana.

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  3. Já hoje pensei nisso a propósito das cadeiras, cadeirinhas, cintos e outras "cenas" que os pais têm que comprar!
    Repara que quem tenha três filhos com idades inferiores a dez anos tem que ter três cadeiras atrás...
    E qual é o carro que as leva?
    Só dos grandes e bons!
    Não serão excessivas tantas exigências?

    Abraço

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  4. Os tempos eram outros, lá isso é verdade, mas que as pessoas vivessem mais felizes e mais saudáveis, isso não acredito, e, então que vivessem em plena liberdade no tempo de Salazar, isso é que é uma grande mentira, Rui, ou ironia da tua parte!!!

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  5. Eu sou profissional de Educação e sempre disse , quando dava aulas / orientava estágios/ publico o seguinte: è necessário não esquecermos que a Humanidade tem milhões de anos ao cimo do planeta e que tem sobrevivido, portanto não podemos pensar que temos toda a verdade teórico-prática nas mãos acerca de educação.

    Bom fim de semana.

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  6. Só se safavam os mais resistentes, a taxa de mortalidade infantil era altíssima.
    Só conheci 5 irmãs da minha avó mas, ela teve 8 irmãs e 1 irmão, ele morreu à nascença e 2 gémeas morreram com 15 anos... entre as doenças mais normais, escarlatina, gripe espanhola, tuberculose e má nutrição era, realmente, uma luta pela sobrevivência.
    Claro que na minha geração, já com TV a preto e branco (acabada de nascer), quase que estive a bater a bota porque o médico não conseguia descobrir uma simples outite... mas lá consegui escapar ;)
    Mas, infelizmente, ainda há muitas crianças por esse Mundo que vivem nessa roleta russa... de viver ou morrer.
    Em Portugal, esses tempos não podem ser romanciados... a vida era muito dura para a grande maioria da população.

    Bjos

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  7. (Ui... é melhor ficara aqui a fazer de estátua...)

    ;)

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  8. Todos
    Antes de mais queria dizer que não há aqui qualquer juízo de valor comparativo em termos políticos.
    Apenas social, comportamental e quanto muito da influência que a variedade de “brinquedos” tecnológicos trouxe para a actual infância/adolescência, que os impede de brincar de um modo mais saudável !
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  9. Catarina
    Fizeste-me lembrar “A Mentira da Verdade” (poema) :))

    Última quadra :

    "Verdade verdadinha
    É que não sei se é verdade
    Que a Verdade é só minha...
    Ou se minha é só metade!"


    Nota: estou plenamente convencido que a minha verdade do post não é apenas metade ! :))
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  10. Teófilo Silva
    Ainda hoje estão visíveis as marcas nos meus joelhos ! Naquele tempo não havia ruas de alcatrão para essas brincadeiras. A “minha rua” era de macadame e uma simples queda era sinal de sangue em qualquer lado do corpo ! :)) Benditos carros de caixote e rolamentos ! ;))) … O que eu me divertia !
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  11. Rosa dos Ventos
    Não é que seja mau ! Muitas vidas se têm poupado , com todas essas medidas, com toda a certeza !
    … mas como é que “nós” sobrevivemos com “ tudo aquilo”, comparativamente aos cuidados de hoje ?!
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  12. Ematejoca
    Não foi minha intenção pensar na política, mas se assim entenderes posso garantir que, em criança, vivi em plena liberdade, feliz e saudável, sim (não falei em pessoas adultas). Sem qualquer ironia !
    Só por volta dos meus 18 anos comecei a aperceber-me que havia um regime que não interessava a ninguém e então aí sim, comecei a sentir-me privado da minha liberdade, quando conspirava contra Salazar no café, tendo que falar baixinho e olhar em volta.
    Nunca vi uma criança ser minimamente privada dela .
    Vivi todas aquelas situações, ia para a escola a kms de casa a pé e sozinho a qualquer hora.
    Não passava uma hora dentro de casa sentado. Sempre, sempre, a correr e a saltar e isso era extremamente saudável !
    Os miúdos de hoje passam horas e horas sentados e muitíssimo pouco a fazer exercício físico.
    Tenho 6 netos e sei bem como é .
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  13. São
    Claro, São ! Quem sabe onde está a “verdade”, seja de que natureza for ? Tem sempre algo de subjectivo !
    … mas neste caso nem me referia à educação escolar, mas sim ao âmbito social, comportamental, aos hábitos, à maneira como as brincadeiras de rua eram consentidas pelos pais e tornadas possíveis pela sociedade de então.
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  14. Isa GT
    Repare que eu disse : Como pudemos sobreviver ?
    É certo que a mortalidade infantil era maior, mas até mais no caso dos partos. Claro que a medicina não estava tão avançada como hoje. Claro que a alimentação era diferente o que não quererá dizer pior. Eu comia muitíssima fruta e hortaliças e isso era bom. Hoje as crianças não o fazem.
    E repare que eu estou a falar dos rapazes que viveram como e quando eu ! … Como pudemos sobreviver ?...
    Eu concordo que para a maioria da polpulação os tempos eram difíceis, mas discordo que não possamos romancear
    esses, também belos tempos, em muitas circunstâncias.
    Volto a insistir : eu vivi uma infância muito feliz, saudável, divertida e em liberdade e tenho pena que as crianças de hoje não tenham essa possibilidade !
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  15. oops!!!
    Porquê, oops!!! ?... Podes entrar na "conversa".
    ... claro que não viveste os "meus tempos" ! :))
    Eu creio que para "os mais novos" as ideias chegaram um pouco deturpadas ! :)))
    O passado teve muitos males, mas também teve coisas fantásticas ! :)))
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  16. cantinhodacasa15/5/11 00:11

    Olá! Parabéns pelos seis netos que tens. (Pensei que tivesses 2,3...)
    Eu fui uma Maria rapaz, jogava ao mata, à bola, nunca tive bonecas, aproveitava o São João e as, na altura, grandes férias de Verão para gozar um mês de praia com as brincadeiras proprias de adolescentes.
    Bela adolescência vivida entre aligos e famílias!
    Beijinho

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  17. Eu enquadro-me em quase todos os "perigos" enumerados no post. Voltaria atrás no tempo para reviver tudo isso de novo. :))

    Novo desafio musical:

    http://ocantinhodomestre.blogspot.com/2011/05/desafio-musical-n-2.html

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  18. Cantinhodacasa
    É verdade. 6 de 3 filhos.
    Era muito mais saudável a infância de outros tempos, com muito mais “ar puro” e exercício físico que hoje !
    Bj
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  19. L.O.L.
    Isso é que era bom ! :))
    Os “Tempos” eram maus, mas eram ...
    ...“Bons tempos” ! :))
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  20. Pois eu reitero muito do que aqui dizes.
    Ainda na 6ª falava com duas colegas sobre a rua que tanta falta faz às crianças de hoje e, não a tendo, a escola, com as aulas de substituição que os pais adoram, é uma clausura.
    Estaria horas a dissertar sobre este mail.
    Adorei e tive saudades da minha infância...a que o meu filho não pode ter.
    um gde bji

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  21. Nina
    É verdade. Hoje há um falso sentido de liberdade, que só, só, só tem a ver com a possisibilidade de nos expressarmos livremente.
    A autêntica liberdade não tem nada a ver com isso, mas sim do que expressei acima.
    Tive a sorte de ter a presença da minha mãe a tempo inteiro (podia-se viver apenas com o ordenado do pai) e pude gozar a rua em vez de uma sala fechada, correr, saltar, brincar, em vez de estar agarrado a um brinquedo electrónico horas e horas a fio !

    Isso é a liberdade que o teu filho e os miúdos de hoje nunca poderão ter !
    Há muita gente hoje, que se contenta com muito pouco !...
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