ESCRITOS - PARA SABOREAR

  

Este livro,  "INQUIETUDE", da autoria da nossa Amiga Bloguer  ISABEL PIRES, do Blog  "NASCER NA PRAIA" foi-nos por ela oferecido aos presentes no Encontro Almoço de Lisboa, em 18/10/15.

Às vezes, na resolução destes desafios, as coisas não são tão complicadas como parecem ! :))

Reparem que este é um blog incentivador da pesquisa nas suas várias formas, ou por imagens, ou por texto, ou por perguntas ao Google, ou por tentativa de localização,... ou,...ou,...

Acontece que eu, embora neste caso tenha privilegiado a apresentação destes excelentes mini-textos e procurado divulgar a qualidade literária da sua autora e a sua obra, deixei, como habitualmente um "gato escondido com um rabinho de fora" ! :)

Se clicassem no lado direito do rato sobre a foto inicial (que é um retalho da capa do livro) e pedissem a pesquisa  do Google, seriam de imediato encaminhados para esta outra, da capa do livro com o nome da sua autora  ! ... rsrs... Experimentem !

Outro processo (mais trabalhoso) seria o de :

"Tentativas e erro", por eliminação de possibilidades, face às minhas respostas negativas sobre a autoria ;
... e tendo em conta, 
Quem já esteve presente em Encontros ( da minha lista  "Histórico dos Encontros") :
Quem eu sigo, na minha lista de "blogs que sigo" ;
E, por eliminação de possibilidades na  consulta dos respectivos blogs palpitados ! :)


Muito grato a  TODOS, fosse qual fosse o resultado dos palpites ou pesquisa, mas especialmente pela presença :

ACERTANTES :
JANITA,     EMATEJOCA,     MANU,     LUISA,     FLOR DE JASMIM,     JU

PRESENTES :
MARIA DO MUNDO,       CATARINA,     PROF MS JOÃO PAULO DE OLIVEIRA,    PORTUGALREDECOUVERTES,      NI,     LAURA FERREIRA,       LM,      PEDRO COIMBRA,      GRAÇA SAMPAIO,     AFRODITE,     ELVIRA CARVALHO



INICIAL :


ESTES ESCRITOS, ABAIXO, SÃO DA AUTORIA DE UMA PESSOA AMIGA. 
SERÁ QUE ALGUÉM SABERÁ DE QUEM SE TRATA ? ... 
SABOREIEM, QUE ... VALE A PENA !

Atenção que eu sei e reconheço, que apenas um pequeno nº dos amigos que por aqui andam poderão descobrir, mas para todos, mesmo não conseguindo saber de quem se trata, vale a pena a leitura, que recomendo vivamente !!! ... eu, gostei muito !


(Comentários moderados)

BEIJOS NAS MÃOS

Habituaste-te a eles .
Davas-me sempre um antes de dormir, na mão direita.
Às vezes beijavas primeiro os teus dedos para, a seguir, os passares pelos meus lábios e mãos.
Nunca fui capaz de descrever a sensação. Apenas sei que é maravilhosa. Senti-a sempre como especial.
Há dias, a meio da tarde, quando te abracei antes da viagem, voltaste a beijar a mão direita.
Sorrimos com os olhos.
E eu senti-me muito feliz.


VERDADE

Apenas um fio de luz lambia a porta entreaberta.
Não deu. Já sabíamos que seria assim.
Os meus olhos estavam cravados no tecto. Os teus, julgo que estavam cravados em mim.
Os meus olhos estavam cravados no tecto, à procura de um ponto de concentração. 
Debitava um discurso que fui forçada a engolir. Como o óleo de fígado de bacalhau . 
Queria dizer-te as palavras mais cristalinas, mas o emaranhado das algas que flutuavam na minha cabeça turvou as águas.
Os teus olhos, que julgo estarem cravados em mim, não tinham doenças, nadavas noutros lagos. Deram-te mel e tu soubeste barrar o pão que me pões na boca.
Não deu ? Deu sim.
O meu corpo estava gelado. E não era do ar condicionado.


PRIMEIRA VEZ

Era o primeiro namorado e ainda se estava a habituar a coisas de que nunca tinha ouvido falar. Estava também a habituar-se a sensações diferentes . Não sabia bem o que sentia. Era tudo tão estranho ! Nem sequer sabia se gostava do rapaz.

A obsessão de um homem já maduro interrompeu-lhe a aprendizagem. Meteu na cabeça que tinha que ser naqueles dias e ela não conseguiu desviar-se .

A tarde fugia e levaste-me para o mar, mas não me deixaste vê-lo, ouvi-lo e cheirá-lo. 
Isso não sou capaz de te perdoar. Ao menos, que me tivesses deixado olhar o mar.
Até me amarraste e bateste, lembras-te ? Não, tu não tens memória sensitiva.
E consegues imaginar o que é a dor de uma miúda a esvair-se numa maca do bloco operatório, desfeita em lágrimas e paralisada por dentro? Não, não consegues imaginar porque tu sempre viste as mulheres como pacotes de carne que tu abocanhas como um animal feroz.
E ao menos paraste um minuto para pensar no tempo que uma rapariga leva a reconstruir-se para seguir em frente e não ter medo do sexo ? Não, não pensaste porque tu não tens sinapses
Olha, sabes, estou viva e gosto muito de sexo. Mas atenção: com afecto.


AMO-TE

Um dia hás-de explicar isso a que tu chamas gostar muito !
Não tenho uma ou duas frases que sirvam de definição.

É quase sempre assim : as coisas fazem-se de pequenos rasgos, de passos simples. Se calhar, é a aparente falta de densidade das coisas que as torna especiais.

Quando há um conjunto significativo desses traços direccionados para uma pessoa, eu afirmo que é gostar muito. Já te disse que para mim e neste contexto, não há diferença entre amar e gostar muito, quando é mesmo forte. Aliás eu não me lembro de alguma vez ter dito " Amo-te", mas recordo-me de dizer "Gosto muito de ti".

Tal e qual, mesmo naquele tempo em que a paixão estava instalada. Estranho ? Agora que penso nisto, admito. Todos temos coisas esquisitas. Interpreto mais como uma questão de palavras que colam melhor com quem as pronuncia.

E esse gostar muito a que me refiro é feito de uma focagem duradoura e insistente numa pessoa, quer no pensar nela e fazer com que esteja bem, como no desejar estar com ela. O desejar estar faz-se muito daquelas sensações estranhas na barriga, tipo borboletas (parece conversa de adolescentes !) e daqueles arrepios e solavancos provocados pela lembrança do olhar, do toque, do calor, do cheiro, daquela pessoa. É um estremecer bom que se sente por dentro mesmo quando se está num local público ou que como vindo do nada, surge numa ocasião inesperada. É um estremecer que também se faz da partilha de silêncios, de olhares cúmplices que vão e vêm. E o gostar muito é estar nos momentos que sabemos importantes para essa pessoa em que nos focamos, mesmo que elas não correspondam bem aos nossos interesses e nos levem a fazer mais do que sucederia numa situação normal. Tipo aquela coisa do incondicional barrado de doçura. 
Mas o gostar muito também se faz de uma afinidade de interesses . Gostar muito é fazer cedências naquilo que tínhamos garantido como inultrapassável. Contrariar a tendência para a possessão. Talvez este seja um dos maiores desafios, aquele teste derradeiro . Gostar muito é não interferir no espaço, nos tempos e nas rotinas do outro e procurar o equilíbrio na diversidade. É ter vontade de expor as nossas verdades sem rede. Mesmo aquelas coisas mais íntimas, que ás vezes parecem infantis, exageradas ou ridículas . Gostar muito é sofrer a sério quando há um afastamento. Um sofrimento de cabeça e de corpo. É querer ficar dentro do outro quando se abraça, é ter prazer em prazer em beijar na boca, é o querer dormir junto. Esse gostar muito a que me referi tem que ver com o valor tão excepcional que alguém tem para nós, a ponto de nos despertar pulsões, que não mero desejo, porque não são independentes do seu objecto.


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