Re-editado com texto
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Lembram-se desta cara ?
A Nina acertou !Maria Branca dos Santos (nas. em 1902 e fal. em 1992), mais conhecida por Dona Branca, a famosa "Banqueira do Povo" causou um enorme escândalo financeiro nos anos 80, mas a sua actuação (sempre honesta, note-se) tinha começada há muitas décadas.

Com a nossa participação na 1ª Grande Guerra (14-18), o nível de pobreza aumentava desmesuradamente.
Maria Branca, descendia de família humilde e bastante pobre. Praticamente analfabeta, possuía grande capacidade de raciocínio matemático e forte aptidão para a estratégia bancária/comercial.
Desde cedo, começou a sua prática "bancária": guardava o dinheiro da venda de varinas ao longo do dia recebendo ao anoitecer uma pequena compensação pelo "depósito".
Destacou-se sempre pela sua honestidade e carisma, e passou a ser solicitada também pelos vendedores ambulantes.
No decorrer dos anos 50, com a política Salazarista, torna-se numa pseudo-bancária quando iniciou a sua atividade clandestina. Estrategicamente, começou a atribuir juros a quem lhe confiasse as suas economias, tanto maiores quanto mais elevadas fossem.
Utilizava o esquema em pirâmide.
Num ápice, fosse rico ou pobre, pescador a empresário, todos recorriam à "Banqueira do Povo" como passou a ser conhecida.
Em Março de 1983 o semanário "Tal & Qual" divulga a sua actividade e os seus métodos, sendo também notícia na imprensa internacional.
D. Branca conseguiu, em muito pouco tempo, quadruplicar o seu poderio económico. Centenas de pessoas dirigiam-se para seus escritórios para obter o juro de 10 % mensal que fazia concorrência ao juro oficial da banca que era de 30 % ao ano.
O crescente levantamento das contas na Banca oficial e o depósito na actividade da "Banqueira do Povo" alarmaram o Banco de Portugal e o Governo, previa a muito curto prazo a bancarrota da banca nacional. O Ministro das Finanças, Ernâni Lopes, foi à televisão advertir e acautelar os portugueses.
Resultado disso foi a corrida ao levantamento dos depósito, na D. Branca, o que imediatamente gerou uma confusão incontrolável e um pânico estrondoso.
Os seus escritórios estavam amontoados de sacos com dinheiro e o não controlo da situação levou a que, gananciosamente, alguns colaboradores sacassem o dinheiro que conseguissem ou passassem os bens imobiliários para o seu próprio nome.
Alguns dos “colaboradores” da "Banqueira" estavam envolvidos no mundo do crime, tanto que com um deles, Manuel Manso, numa apreensão à sua residência, foram encontrado um cofre contendo 60 mil contos em dinheiro vivo e dezenas de cheques no valor de 90 mil contos.
Dona Branca, (que era realmente uma pessoa honesta e com boas intenções) de modo a devolver a quantia que havia sido depositada pelos seus clientes, passou milhares de cheques sendo centenas deles devolvidos por falta de provisão.
Envolvida, sem se aperceber, com colaboradores corruptos e criminosos, um deles o seu advogado, que "legalizava" as suas acções financeiras, foi finalmente detida a 8 de Outubro de 1984 e colocada preventivamente na Cadeia das Mónicas, em Lisboa.
Resulto do julgamento: pena de prisão de 10 anos para a D. Branca por crime de burla agravada e 24 dos arguidos foram absolvidos.
Pouco tempo depois, e devido ao estado débil de saúde e à idade avançada, viu ser-lhe reduzida a pena e saiu em liberdade, vivendo até a data da morte num lar, cega e, ironicamente, na miséria.
Foi enterrada ao Alto de São João acompanhada de apenas 5 pessoas.
A história de Dona Branca inspirou uma novela produzida pela RTP: “A Banqueira do Povo”, que foi para o ar em 1993. A personagem inspirada em Dona Branca ficou a cargo de Eunice Muñoz .
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