19/01/2010

O "FLOP" DO ALQUEVA !

. Placa informativa na Barragem
. Vista do Castelo de Monsaraz (no Verão)

Já imaginaram um TGV ou um Aeroporto, sem clientes ?

Se as vias férreas de alta velocidade, as obras de arte, as expropriações, as composições, as manutenções, as pistas, as instalações, os aviões, existissem ou circulassem, mas sem servirem ninguém ?...

Não será bem a mesma coisa, mas não andará muito longe disso.

Talvez mais, um coração robusto e saudável a bombear perfeitamente o sangue para um corpo isento de vasos sanguíneos, levando os seus orgãos e os tecidos à morte !...

O “Projecto Alqueva” foi pensado e foi reconhecido o seu interesse, na década de 50.
Reconhecia-se já nessa altura, a importância da irrigação e não só, daquela vasta área Alentejana, árida e carente, mas faltava coragem política para levar o projecto para a frente. Temia-se estar a contribuir para a consolidação da Reforma Agrária e para o avanço do comunismo.
Nessa altura o Alentejo representava uma forte ameaça para o poder político e sofreu por isso.

O Alqueva tem 250 Km2 e a zona de Reguengos de Monsaraz cerca de 200 km de margem. É a maior albufeira de barragem da Europa, que atinge hoje recorde de armazenagem de água, na sua cota máxima. Apesar de tanta água em redor, os agricultores vêem-se obrigados a construir os próprios poços ou furos, para captação de água privada, para irrigação das suas terras e o seu gado isolado em autênticas pequenas ilhas, donde é difíl retirá-lo, alimentá-lo e evitar que adoeça ou morra, naquela situação.

A situação actual faz-nos pensar que não havia "Projecto" para o pleno e potencial aproveitamento de todo este enorme investimento de base, quando lançado. De outro modo, não se deixaria o "projecto" a meio, ou a menos de meio para se estar agora a pensar nas "megalomanias", antes de acabar o que foi iniciado.
A sua promoção baseava-se "no grande segredo" do crescimento e desenvolvimento do Alentejo, nas suas várias vertentes. Iria ser "uma coisa do outro mundo" !

Estratègicamente, o Parque Alqueva estava vocacionado para:

1 - A componente agrícola, que seria, sem qualquer dúvida, a maior obra de irrigação colectiva jamais realizada em Portugal, para beneficiar uma área com cerca de 12 mil hectares ;

2 - A criação de emprego, na sua construção e o pleno emprego na exploração posterior, nas várias componentes a explorar;

3 - O Alqueva eco-turístico, que atraíria gente de todo o mundo ao Alentejo, que seria um extraordinário pólo de atracção eco-turística ;

4 - O Alqueva energético que forneceria uma boa parte das necessidades.
A componente energética, que sem chegar a ser um flop, nunca atingiu o sucesso.

Mas pergunta-se hoje: qual o real “valor acrescentado”, para além da beleza da paisagem ? ...

Flop na componente agrícola,
Flop no plano de irrigação,
Flop no programa de emprego,
Flop no plano turístico,
Semi-flop no plano energético.

Neste momento, o Alentejo só tem um grande problema: o próprio Alqueva !
A sua albufeira e toda aquela massa de água, representa hoje, outro enorme elefante branco, que ninguém tem capacidade de resolver.

Rui da Bica .

5 comentários :

  1. Bom, não conheço o projecto, mas pode ser que ainda avance para algo (mais) positivo... :)

    ResponderEliminar
  2. Olá Teté,
    de qualquer modo, é escandaloso o que se está a passar, com os potenciais beneficiários directos, do projecto, não terem água para irrigar as suas propriedades, quando esse era o 1º objectivo.
    O projecto ficou a meio e pensa-se em TGV's e aeroportos.
    .

    ResponderEliminar
  3. Olá Swt,
    outra vez "crente", a pedir ajuda divina ? rsrsrsrsrsrs
    .

    ResponderEliminar
  4. Muito interessante, Rui. Já me tinham falado nesta barragem e até se pensou em lá ir mas por falta de tempo da minha parte, acabei por adiar a visita para outra oportunidade.

    ResponderEliminar