10/12/2009

NUVENS NEGRAS NA POLÍTICA

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Nuvens ainda mais negras no panorama Económico /Social/ Financeiro

O Ministro das Finanças, avançou há dias no Parlamento as novas previsões para o défice global das contas públicas, projectando o valor do “buraco” para os 8,5%, o que quer dizer que poderá ser ainda maior.

Portugal continua doente e os tratamentos não resultam, antes pelo contrário.
A doença não se cura e os médicos são péssimos !

O nosso déficit, que antes da crise rondava os 2,6 %, ainda há pouco estava estimado nos 5,4 % , já vai nos 8,5 %, e não vai ficar por aqui, o que significa que as dificuldades de cumprimento dos débitos ao estrangeiro aumentem.


Isso implica que possamos ver o nosso “Rating” alterado a curto prazo.

O Rating (expresso por um conjunto de letras) é uma espécie de “índice” que mede o medo ou a (des)confiança que transmitimos, relativamente a saldar as dívidas nos prazos previstos. É muito semelhante ao que se passa com a cedência de créditos a particulares, com os spreads. Quanto maior o risco previsto, maior a taxa a pagar.

Numa situação destas torna-se cada vez mais difícil obter créditos, pelo menos ao juro habitual e nestes casos a prática é pagar a juros mais elevados e não estamos ainda a falar nos créditos necessários para fazer face aos projectos megalónomos que teimam em iluminar a cabeça dos nossos governantes e a encher os bolsos dos seus capangas.

Onde se vai buscar o dinheiro para os grandes investimentos públicos previstos e a que preço ?

Quando essa altura chegar, se chegar (não acredito) a situação vai tornar-se catastrófica para o futuro dos portugueses.
Representará o fim da esperança num futuro risonho de uma geração jovem e um fim de vida difícil para os mais velhos.

Note-se que embora a taxa de desemprego seja actualmente de 10,2%, a dos jovens até 25 anos é já de cerca de 20 % !

Tudo isto porquê (?) para além de uma crise internacional que de facto se verificou e ainda está longe de ter terminado ?

Sistema político ! Política partidocrática ! Na Assembleia defendem-se (e escondem-se) os interesses partidários (e dos amigos) em vez dos públicos. A partidocracia domina.

Alterar a situação, tem muito que se lhe diga. Só que, na minha opinião não valerá a pena continuar a "votar" nos partidos, com este sistema político, sem uma profunda reflexão supra-partidária por (ex)políticos sérios e (ex)partidários e possível alteração da constituição.

Não estou a falar de mudança de regime, mas a situação, nos moldes actuais, não tem saída fácil qualquer que seja o governo.

Todas as projecções feitas internacionalmente em relação a Portugal, apontam já para sermos dos últimos a saír da crise. Torna-se evidente que, quando esta se desvanecer lá fora, a crise estrutural interna permanecerá .

Adivinham-se tempos difíceis: as instituições do Estado estão fragilizadas, o desemprego e os custos sociais aumentam, as receitas do Estado diminuem, a pobreza alastra, o sistema educativo continua contestado, a insegurança, a criminalidade organizada, a corrupção jamais esclarecida e o poder judicial ameaçado por falta de meios materiais e por legislação absolutamente desajustada das realidades diz-se independente mas não se vê independência.

Sócrates queixa-se agora que a oposição não deixa o PS governar.
Não deixa de ter alguma (conveniente) razão. A situação está ingovernável e ele sabe disso, por isso “esta oposição” cai que nem “sopa no mel” !


Um 1º Ministro sem credibilidade sustentável, sujeito a suspeições permanentes nunca esclarecidas e deixando passar a ideia que assim as quer manter.Uma oposição que se sente com “maioria” e com direitos de se substituir ao governo, para “mostrar serviço” e ganhar simpatias, mas impedindo a governação.

A realidade é que já começou uma campanha eleitoral, mais que prematura e a verdade é que esta situação convém ao governo, que na impossibilidade de “saír do buraco”, tem, nesta legislatura, bodes espiatórios para justificar o insucesso próximo e criar condições para uma futura reeleição.


Rui da Bica: fontes várias (imprensa e tv)

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7 comentários :

  1. Rui,
    nem sei o que dizer.
    Sempre que ouço o Dr. Mediana Carreira fico de boca aberta com o que diz... e com razão.
    Isto vai de mal pior e não vejo solução para a nossa República, para esta república... não com estes políticos.

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  2. cantinhodacasa10/12/09 10:45

    Rui, escreveste neste post, o que nada entendo mas acredita que fiquei esclarecida em relação a alguns pontos.
    Este tipo de post esclarecedores são muito bons e muitos deviam ler o que se escreve por esta blogosfera.
    Em relação aos partidoda oposição, estou de acordo.
    Sabes, acho que tudo funciona em favor deles. Importa garanbtir o que é deles e para eles.
    Interessa opôr-se para dar que falar e talvez para distrair as mentes menos informadas.
    Lamento que não haja uma disciplina que oriente os jovens para a política, como no nosso tempo de liceu. Era pouco , mas havia.
    Beijinho

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  3. JP : O Medina Carreira tem dito muitas, muitas verdades e era bom que fosse ouvido com mais atenção. É muito mal visto por uma enorme quantidade de críticos que o acham exagerado e pessimista demais ( NÃO É !).
    Fiquei agradavelmente surpreendido num dos últimos "Prós e Contras" da RTP1, quando o Jacinto Nunes, se refere a ele exactamente nestes termos elogiosos (da importância das suas críticas)!
    Quanto ao resto, também estou plenamente de acordo, aliás como deixei expresso.
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  4. Sobre o artigo do I : Ainda bem que saíu depois de eu ter postado. :))
    Está exactamente de acordo com o que eu tinha escrito. É uma verdade tal como escrevi e repetir-me-ia se o comentasse.
    Acrescentar e vincar somente que não há saída possível, o governo parou de (des)governar, está tudo parado; a oposição quer mostrar serviço e "(des)governar" também, substituindo um desgoverno por outro. Resumindo: entramos em campanha eleitoral, para quê? ... PARA NADA !
    É preciso um grande debate nacional com as "Grandes Cabeças" que felizmente ainda há e que estão fora dos partidos e tudo isto tem que dar uma volta muito grande antes que seja demasiado tarde.
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  5. Cantinho, muito pior que nada entender é "não querer entender" é "deixar correr, que tudo se há-de resolver", é "os Portugueses encararem a política como o futebol", é "eu não entendo disto nem quero entender e tenho raiva a quem entende", é "deixa pra lá". é "as pessoas não se revoltarem com estas coisas", é "na altura das eleições ser-se tão ingénuo", é "as pessoas não se interessarem por se informarem sobre estas coisas" é "eles se sentirem endeusados por um povo que tem andado há muito a assobiar pró lado", é ... tantas, tantas outras coisas ...
    Quando há eleições, alguém valoriza os votos brancos ou nulos ? ... Ninguém fala neles!
    As eleições foram ganhas pela abstenção ! A abstenção teve a maioria dos votos, mas alguém ouve os abstencionistas ?... Com 40% de abstenção já seria um motivo forte para reflexão, mas alguém se preocupou com isso ?
    Seria a mesma coisa se fossem 70% ?... Alto lá !... estes gajos não andam a dormir !!!...
    Onde é que nós erramos ???...
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  6. Amiga Silvana, é um prazer muito grande ler os seus escritos !
    Esse “conto” do Mário Quintana está perfeitamente adaptado ao meu post. A ESPERANÇA é de facto a última a morrer... mas infelizmente está mesmo em vias de extinção. “Este povo” sente que a está a perder, nas actuais condições.
    Para ti também, os meus sinceros Votos de Um Grande 2010 !... e devo repetir: foi uma benção “encontrar” o teu Blog e a sua maravilhosa “Floresta” ! Eles merecem todo o nosso apoio e dedicação, na medida do que for necessário.

    Vamos ser Felizes e fazer os outros Felizes ! É para isso que cá andamos.

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