01/12/2009

A MEGALOMANIA DAS ALTAS VELOCIDADES



Finalmente, graças a este governo, iremos ser os primeiros da Europa !

Sabem que se o projecto do TGV for para a frente, o que sinceramente não acredito, nós seremos o país da Europa com mais Kms de via de AV (alta velocidade) por Km2 ?
É verdade : 11 Kms de via, contra por ex. menos de 1 na GB, 4 na Itália e 7 na França e na Alemanha.
Sabem que iremos ter 95 Kms de via por milhão de habitantes ?
Também é verdade ! Voltando aos mesmos países de comparação, 2 Kms na GB, 21 na Itália, 75 na França e 28 na Alemanha.

Mas o problema não está só nas vias, as despesas em infra estruturas e materiais circulantes será astronómica e será ainda maior nos custos de manutenção dessa futura rede ferroviária, nos próximos anos.
Faz lembrar os gastos feitos com a construção de alguns dos estádios do Europeu e que agora ficaria mais económico fazê-los impludir do que continuar a mantê-los.
O mesmo acontecerá com o TGV.

Já imaginaram quantos de nós estaremos dispostos a pagar o dobro, do Porto a Lisboa para ganhar meia hora ? Creio que muito poucos, uma minoria significativa, talvez a ligada aos altos quadros de empresas públicas ou bancárias (o dinheiro não é deles) .
Não vejo sequer o médio empresário ou seus quadros a utilizá-lo e muito menos o comum do cidadão.

Na Europa, apenas 11 países têm ou já programaram a construção de linhas de Alta Velocidade (AV).
Os nossos poderes públicos integraram a AV no conjunto dos mais importantes desígnios nacionais. Que loucura ! Que aberração !

Se aos custos mencionados acrescentarmos o nível dos encargos e dos custos envolvidos nos investimentos já existentes nas vias férreas, e na manutenção e conservação próximos, então é de pasmar :

A dívida conjunta da Refer e da CP, já ultrapassava, no fim de 2008, mais de 8 mil milhões de euros.
No conjunto, as duas empresas apresentaram, em 2008, resultados líquidos negativos que ultrapassam os 370 milhões de euros, números que, naturalmente, virão a ser somados aos da AV – TGV.

Tendo em conta a experiência internacional, o valor do investimento global nos 1.000 km previstos de rede de Alta Velocidade não deve, na melhor das hipóteses, ser inferior a 20 biliões de euros, não levando em conta os habituais resvalamentos desses valores.

Pena é que para o comum dos cidadãos estes valores não sejam mensuráveis. Falar em 20 biliões, é o mesmo que falar em 20 milhões ou em 2 milhões. Só vemos é muitos zeros e vai dar tudo ao mesmo.
Os fundos comunitários são pouco relevantes, não ultrapassando, seguramente, os 10% dos custos reais finais devendo ainda ser tido em conta que acabam na construção e não na conservação e manutenção posteriores, que ficam naturalmente na totalidade, a cargo das contas públicas.
Estes custos são incomportáveis e ameaçadores para a estabilidade económica e social.

Imaginem o que seria (ou teria sido) possível “salvar” (é o termo) se em tempo oportuno este governo tivesse ou viesse a ter em atenção as pequenas e médias empresas e seus trabalhadores, hoje desempregados ou em vias de o ser.
A taxa de desemprego já vai nos 10,2% !!!... e vai continuar a crescer.

Rui da Bica

4 comentários :

  1. Dito e feito! Aqui está um pertinente artigo!

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  2. Cara Amiga, Swt:
    O prometido é "devidro" :))
    Obrigado pela ideia.
    É pena ter saído longo, mas o tema dá "pano pra mangas". O post tem que ser bem "mastigado" por quem lê. Há que denunciar estas coisas !
    Bj.
    .

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  3. Só é pena muito do que escrevemos ficar no universo virtul e não passar para os meios de comunicação social que são acedidos pelo população em geral. O TGV é mais um caso que todos os governantes querem fazer parecer como um mal necessário. Erradamente claro !
    Mas nós continuamos a votar neles.

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  4. Caro Ricardo, antes de mais, muito Bem-vindo e volta sempre.
    Para além disso, Ricardo tenho também pena que até no blog muitos dos leitores leiam em "diagonal" a correr. Estes textos, claro que na minha suspeita opinião, deveriam ser lidos pausada e atentamente para que não se perca o sentido do que está escrito, mas,...

    Um Abraço e obrigado pela visita e comentário.
    .

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